Israel aprova 19 colonatos. Hamas denuncia "anexação progressiva" da Cisjordânia

A expansão da malha de colonatos na Cisjordânia foi aprovada pelo Gabinete de Segurança de Israel. A proposta partiu dos ministros das Finanças, Bezalel Smotrich, e da Defesa, Israel Katz, rostos da extrema-direita no Executivo de Benjamin Netanyahu.

Carlos Santos Neves - RTP /
Mussa Qawasma - Reuters

O Hamas saiu este domingo a público para condenar a luz verde do Gabinete de Segurança do Governo israelita a 19 novos colonatos na Cisjordânia ocupada. Trata-se, na avaliação do movimento radical palestiniano, de mais um passo da  "anexação progressiva" do território.

"Representa um novo passo colonial que consolida a política de anexação progressiva e procura saquear o território palestiniano e impor medidas coercivas em detrimento dos direitos históricos e legais do nosso povo", reagiu em comunicado Harun Nassereddine, do gabinete político do Hamas.Segundo Nassereddine, "as práticas da ocupação e dos seus colonos criminosos" deixam patente a crónica intenção, por parte do Estado hebraico, de expandir os colonatos enquanto "instrumento fundamental para a deslocação" de populações palestinianas.


A decisão do Gabinete de Segurança israelita significa que o total de colonatos ilegais - à luz do Direito Internacional - avalizados durante o mandato de Smotrich na pasta das Finanças ascenderá a 69.

O objetivo, nas palavras do ministro israelita, é "impedir o estabelecimento de um Estado terrorista palestiniano no terreno"
.

Entre os novos colonatos figuram Ganim e Kadim, a oeste da cidade de Jenin, desmantelados em 2005.As Forças de Defesa de Israel permitiram em maio o retorno de israelitas a Sanur, Ganim e Kadim. Decisão adotada em resposta ao anúncio do reconhecimento do Estado palestiniano por Espanha, Noruega e Irlanda.


No passado mês de setembro, outros dez países ocidentais, incluindo Reino Unido, França e Portugal, reconheceram o Estado da Palestina. O que levou as vozes mais radicais do Governo de Netanyahu a ameaçar anexar a quase totalidade da Cisjordânia, parcialmente administrada pela Autoridade Palestiniana.

Para o Hamas, quer os colonatos quer as incursões israelitas em Jerusalém Oriental constituem "duas faces da mesma moeda: uma política de agressão e judaização"
.O movimento exorta mesmo a comunidade internacional a assumir "responsabilidades legais e morais, a tomar medidas imediatas e práticas para travar os colonatos e proteger os locais sagrados".

Hamas e Israel anuíram a um cessar-fogo na Faixa de Gaza, que vigora desde 10 de outubro. Todavia, falta acertar as futuras fases do plano de paz proposto pela Administração norte-americana de Donald Trump - o roteiro enquadra o desarmamento dos militantes palestinianos e o recuo das tropas israelitas.

Entretanto, o Parlamento israelita está a apreciar um projeto de anexação da Cisjordânia, algo que os Estados Unidos têm rejeitado, pelo menos publicamente.

O número de colonos judeus a viver na Cisjordânia está calculado em mais de 500 mil. Outros 200 mil vivem em Jerusalém Oriental.

c/ agências

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